Minha primeira aventura mundo afora começou quando completei 19 anos. Eu estava no segundo ano da faculdade e próxima a embarcar para a minha primeira viagem para fora do Brasil. Em um dia de aula, durante um bate-papo, soube que uma amiga havia decidido fazer um curso de idiomas na Austrália, e não foi preciso muitos detalhes e convencimento para eu decidir me juntar à ela.
Antes de chegar em Sydney, a minha base de conhecimento em inglês era praticamente inexistente. Para ajudar, assim que cheguei no país percebi que os australianos tinham uma pronúncia totalmente diferente do que eu já tinha ouvido. Mesmo assim não deixei de aproveitar cada canto daquela linda cidade.
Sydney é uma cidade mágica, que mistura muitas tradições à arquitetura britânica em um clima tropical e ambiente bem "relax". Aliás, toda a Austrália tem essa energia pulsante e um contato com a natureza surreal.
Voltando ao propósito da minha viagem: eu não durei muito no curso de inglês. Eu estava encantada e queria explorar ao máximo o país. Eu soube que a Austrália tinha uma super malha ferroviária que permitia viajar o país todo de ônibus, foi quando eu decidi me organizar para fazer um mochilão, mesmo sem falar inglês. Mas a vida tinha me dado um "bônus", um primo que estava comigo e falava inglês topou a aventura.
Subimos em alguns ônibus e conhecemos o leste da Austrália, incluindo paradas em Byron Bay, Brisbane, Gold Coast e Cairns. Visitamos muitas atrações, fizemos algumas trilhas, mergulhamos no mágico Great Barrier Reef, aproveitamos praias paradisíacas e fizemos amizade com pessoas de todos os cantos do mundo, incluindo muitos brasileiros.
Adicionamos ao percurso uma visita à Bali, na Indonésia, e depois esticamos o roteiro até a Nova Zelândia, dois destinos vizinhos da Austrália e fascinantes. Aliás, quem visita a região da Oceania pode adicionar os três países no roteiro: eles se combinam e se completam bastante.
Contra a vontade de muitos e de certa forma um pouco rebelde, eu estendi a minha estadia na Austrália. Não pela razão inicial, que era aprender inglês, mas para vivenciar aquela riqueza de aprendizados por mais tempo. Eu saí do Brasil com a certeza e a promessa de aprender inglês, mas voltei meses depois falando quase nada do idioma.
Por outro lado, eu explorei a Austrália, a Indonésia e a Nova Zelândia, algo que nenhuma pessoa que eu conhecia jamais havia feito. Todas as vivências nesses países me trouxeram também a tranquilidade da certeza de ter feito o certo para mim.
Eu aceitei muito bem ter viajado para a Austrália e voltado sem falar inglês porque foi graças a essa experiência que eu entendi a minha paixão por explorar cada vez mais o mundo.
Se você ainda não encontrou uma paixão como essa, tudo bem. Apenas não se feche para oportunidades. Eu com certeza vivi e aprendi coisas mais valiosas nesses mochilões inesperados do que se tivesse seguido as regras e tentado aprender de uma forma mais clássica.
Gisele Abrahão é uma viajante do mundo, empreendedora consciente, criadora do prêmio Impactos Positivos e idealizadora da plataforma Lugares pelo Mundo.