Em janeiro deste ano, uma jovem em Santa Catarina foi espancada e teve 30% do corpo queimado durante um encontro marcado por um aplicativo de relacionamento. Infelizmente, este não é um caso isolado. Crimes como golpes e sequestros-relâmpago que usam aplicativos de namoro como forma de atrair vítimas aumentaram: apenas na cidade de São Paulo, três sequestros e uma tentativa frustrada foram contabilizados no mesmo mês, todos após encontros marcados por aplicativos.
Segundo Raquel Gallinati, delegada e presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de SP, os criminosos criam perfis falsos em aplicativos de relacionamento com fotos e informações de pessoas atraentes para chamar a atenção das vítimas. “Durante a conversa online, eles levantam informações, principalmente sobre o poder aquisitivo da potencial vítima: quanto ganha e se tem bens, por exemplo”, explica. De acordo com Raquel, é após o bate-papo, que pode durar uma ou duas semanas até que a vítima adquira confiança no criminoso, que acontece o encontro presencial.
Modus Operandi
Raquel explica que, no caso de tentativas de assassinato, principalmente feminicídio, e crimes sexuais, os criminosos geralmente atuam sozinhos. Por outro lado, golpes e sequestros-relâmpago, que são mais comuns, são normalmente praticados por associações criminosas. “Os bandidos vão ao encontro da vítima com o intuito de roubar grandes quantias de dinheiro por meio de transferências bancárias”, conta.
No universo dos matches online, é importante excluir fazer escolhas seguras e adotar medidas preventivas antes do momento do encontro. Confira cinco dicas de segurança para mulheres em dates marcados por meio de aplicativos de relacionamento:
Faça chamada de vídeo
Nada tão comum nos dias atuais como uma chamada de vídeo, seja para uma reunião do trabalho, seja para conversar com os amigos. E por que não utilizar a ferramenta para verificar se a pessoa por trás do bate-papo online é mesmo quem diz ser? Segundo a delegada, a ideia é, antes de marcar um encontro presencial, comparar as imagens que estão no aplicativo de relacionamento com a pessoa em vídeo.
Deixe sempre alguém avisado
Algumas dicas são, na verdade, até regras sociais. Sabe quando colocamos a amiga em um carro de aplicativo e pedimos para ela avisar assim que chegar em casa? Antes de partir para o encontro com um desconhecido, faça a mesma coisa. “Avise alguém de sua confiança sobre o encontro. Além disso, sempre compartilhe com ela as informações do perfil da paquera virtual”, reforça Raquel.
Cuidado com drogas e bebidas
Deixe um pouco a diversão de lado e dê atenção à sua segurança. Nos encontros marcados via redes sociais o cuidado precisa ser dobrado. Ao menos é o que a delegada recomenda. Segundo ela, é extremamente importante que os reflexos e percepções da mulher estejam em plena capacidade e que ela não se exponha a vulnerabilidades. Por isso, tomar cuidado com o que se bebe e come durante esses encontros pode fazer muita diferença.
Verifique a identidade da pessoa
“Antes dos aplicativos de relacionamento, os criminosos subjugavam as vítimas na rua. Hoje, eles as atraem por meio de um perfil falso, sem violência, somente com a sedução em um primeiro momento”, explica a delegada. Mas, para não cair na armadilha de um perfil fake, alguns passos simples podem ser muito eficazes. “Procure informações, vínculos que indiquem que aquela pessoa realmente existe fora do aplicativo”, conta Raquel.
É importante buscar informações sobre a pessoa em diferentes redes sociais e se dedicar à pesquisa. O objetivo é comprovar que a pessoa existe fora da Internet e que não está mentindo sobre quem é.
Escolha locais públicos
Ao marcar um encontro, escolha locais públicos. “Nunca marque o primeiro encontro na sua casa ou em locais isolados”, explica. A delegada aponta ainda que é importante avisar aos amigos o local e o horário do encontro, além de pedir a companhia de alguém para não estar completamente indefesa. “Se você achar que algo está suspeito ou que a situação está desconfortável, peça ajuda sem constrangimentos e, assim, evite se tornar a próxima vítima”, reforça a delegada.
Por Laura Enchioglo